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16 de junho de 2011

Mais notícias sobre a situação grega

Abaixo um panorama econômico  por Miriam Leitão

16/06/2011
Verdade grega

Está chegando a hora da verdade da Europa. Ontem, o governo grego foi desfeito diante dos protestos, e há riscos de rebaixamento de bancos franceses que compraram dívida grega. A grande dúvida é o que acontece com um sistema monetário quando um dos países entra em colapso da dívida. Uma coisa é certa: os gregos não conseguirão pagar essa dívida; os bancos vão perder.

Tudo na Europa é sempre um grande teste. A dúvida sobre se um sistema monetário poderia ser compartilhado por tantos países de níveis de desenvolvimento diferentes parecia respondida. Até que... a crise começou em 2008.

Durante o período em que tudo foi bem, foi muito bom principalmente para as economias menores. Todos pagavam a mesma taxa de risco da Alemanha para rolar suas dívidas e foram ajudados pelos países centrais.

O problema começou a se insinuar quando os países começaram a fugir dos limites de déficit estabelecidos pelo tratado de Maastricht ou a postergar os ajustes necessários. No caso da Grécia, foi pior: o governo conservador falsificou números de balanços de dívida e déficit.

Quando os bancos foram socorridos em 2008 e os governos ampliaram muito seus gastos, as diferenças apareceram. A Alemanha que tem uma economia competitiva, ajustada, e tem força para superar as dificuldades continua com um baixo nível de risco, mas Grécia, Irlanda, Portugal, em certa medida a Espanha, e talvez até a Itália passaram a receber maus olhados e presságios dos analistas.

A Europa num primeiro momento mostrou que estava disposta a dobrar a aposta no euro. Fez o Fundo de Estabilização Financeira, os grandes países fizeram uma vaquinha, emprestaram para alguns dos países encrencados. A esperança era que assim eles ganhariam um refresco, ajustariam suas contas e depois seriam de novo financiados pelos mercados.

O preço pedido aos países foi alto demais e é claro que os alemães tinham razão quando criticavam a baixa idade de aposentadoria dos gregos. Eles, os alemães, se aposentavam mais tarde, e ainda eram obrigados a pagar a conta pelos problemas fiscais da Grécia. O socorro ao país anunciado em 2010 foi de 110 bilhões, ou 47% do PIB grego, e a dívida no final daquele ano ainda estava em 148% do PIB. Entre janeiro de 2012 e junho de 2013, os gregos ainda têm mais 70 bilhões em dívida para rolar.

Certamente os bancos que compraram dívida grega terão que aceitar o alongamento dos prazos de pagamento, como sugerido pela Alemanha. Isso é calote. E aí como fica uma unidade monetária quando um dos países dá um calote? A solução mais óbvia quando um governo está com dívida e déficit altos é desvalorizar sua moeda, o que não se pode fazer dentro da União Europeia. E se os gregos saírem do euro e voltarem a ter dracmas? Teriam dívida numa moeda forte e receita numa moeda local que se desvalorizaria.

Além do mais, a reação do mercado seria olhar imediatamente para os próximos da linha de contágio, no caso Irlanda e Portugal. Depois os outros, maiores.

A agência Moody"s ameaçou ontem rebaixar o rating de três grandes bancos franceses por causa da exposição que eles têm à dívida grega. Isso porque em caso de calote grego, os bancos terão que reavaliar para baixo os seus ativos. Segundo a Moody"s, o sistema financeiro francês tem uma exposição de US$56,7 bilhões à dívida grega, enquanto o sistema financeiro alemão está exposto em US$33,97 bi. Também ontem a S&P rebaixou o rating de quatro bancos gregos e eles ainda estão com perspectiva negativa.

Os juros para rolagem da dívida grega bateram novo recorde: foram de 17,38% para 17,73%. Os da Irlanda também subiram, de 11,38% para 11,55%, mas Portugal conseguiu uma trégua, com redução de 10,75% para 10,69% depois de ter sido bem sucedido em um leilão de títulos com vencimento de 3 a 6 meses. Ainda assim, são três os países da Zona do Euro rolando dívida ao custo de dois dígitos. Os juros cobrados dos espanhóis, embora ainda sejam bem menores, também atingiram pico histórico, de 5,55%. Na outra ponta, continuam países como a Alemanha, pagando 3%; e França, 3,38%.

A crise está tendo reflexo nos preços de vários outros ativos. As bolsas americanas tiveram ontem a maior queda das duas últimas semanas e praticamente zeraram os ganhos do ano, depois de terem subido cerca de 10%. O petróleo caiu 4% em um só dia e voltou ao nível de fevereiro, o euro se desvalorizou 1,9% em relação ao dólar, e o índice de commodities medido pela S&P recuou 3,4%. Essa volatilidade dificulta a tomada de decisões porque deixa o futuro mais incerto e pode pegar empresários, governos e pessoas no contrapé.

A Europa fez uma aposta forte na união de todos os países. O sucesso foi enorme num primeiro momento. Agora, o desafio que está posto no painel de controle é também enorme. E a solução ainda não foi encontrada.
http://www.itamaraty.gov.br

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