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11 de janeiro de 2012

Artigo:

Petróleo: rumores de bloqueio de Ormuz e de ataque ao Irã "aquecem" os preços

No tempo de Afonso de Albuquerque chamavam ao estreito de Ormuz "o anel de pedra do mundo". Está de novo na ribalta em virtude das ameaças da bloqueio se as sanções ou algum ataque ao Irão se concretizarem. Americanos respondem que intervirão


É uma das incógnitas de 2012. O Irã tem estado em foco por uma convergência de episódios e decisões. E o estreito de Ormuz surgiu como peça destes jogos de nervos.
Durante 10 dias, a marinha iraniana desenvolveu o "Velayat 90", um conjunto de exercícios militares navais que se estenderam pelo Golfo do Pérsico, Golfo de Omã e Mar Arábico. Os exercícios colocaram as forças iranianas na proximidade da 5ª Esquadra norte-americana que opera a partir do Bahrain.
No final do ano, os EUA aprovaram sanções contra o Irã que penalizarão fortemente os clientes do petróleo iraniano, entre os quais se encontram, em 85% dos casos, asiáticos e, em 17%, países da União Europeia, com destaque para a Grécia, Itália e Espanha.
Em simultâneo, estrategos norte-americanos referem ser o momento certo para um ataque cirúrgico a alvos do projeto nuclear no Irã. "Na hora de atacar o Irã - porque razão um ataque é a menor das piores opções" é o título de um dos artigos simbólicos desta ótica, escrito por Mathew Kroenig, do Council of Foreign Relations norte-americano, na edição de janeiro/fevereiro da  revista Foreign Affairs, acabada de publicar.
O vice-presidente iraniano falou, durante os exercícios, de bloquear o Estreito de Ormuz se as sanções se impuserem efectivamente. O estreito é um corredor que a Energy Information Administration considera "o mais importante ferrolho do petróleo" do mundo. Por ele passa um pouco mais de 1/3 do petróleo transportado por via marítima.
Durante a guerra do Irão e do Iraque, nos anos 1980, os iranianos minaram as águas do estreito e comandos em barcos de borracha atacaram petroleiros. Uma brincadeira comparada com a capacidade atual iraniana. "[Fechar o estreito] é tão fácil como beber um copo de água", disse o almirante iraniano Habibollah Sayari.
Mas, como se verificou nestes exercícios, o estreito pode ser afetado a partir do Golfo do Omã, a sul do Estreito, que é ladeado pelo Irã e pelo Omã. Os exercícios navais recentes pretendem projetar a capacidade iraniana também no Índico ocidental.
O secretário de Estado da Defesa norte-americano, Leon Panneta, afirmou a 8 de janeiro na cadeia norte-americana CBS que, se o Irã bloquear o estreito, os EUA entrarão em campo para anular o bloqueio. "É uma outra linha vermelha" que os iranianos não poderão ultrapassar, disse.

O Dragão no chatrang


O xadrez da zona é muito complexo. Os iranianos jogam xadrez desde há 1400 anos quando o jogo era conhecido pelo nome de chatrang, em persa (do livro Mâdayân î chatrang - Livro de xadrez - do século VII).
Uma das peças do tabuleiro de hoje é a China, o cliente principal, que importa 21% do petróleo iraniano exportado. O Irã, que fornece 11,4% das importações petrolíferas chinesas, é o terceiro fornecedor da China, depois de Arábia Saudita (que fornece 20,5%) e Angola (que fornece 15,8%). As empresas chinesas são os principais investidores no sector energético iraniano. A China importa, ainda, 12,8% do Omã, Iraque e Kuwait.
A própria Europa "periférica" mediterrânica importa do Irã. A Grécia, na liderança, importa 25% das suas necessidades. Atenas é a capital europeia mais sensível a estes rumores de guerra. Itália importa 13% e Espanha 10%.
Os Estados Unidos importam de três fornecedores da zona - Arábia Saudita, Iraque e Kuwait; no total, apenas 18,2% das suas necessidades.
No calendário destes jogos, o secretário do Tesouro norte-americano desloca-se esta semana à China e ao Japão. A Europa, que acordou em princípio seguir a posição norte-americana, deverá tomar uma posição final na cimeira europeia de 30 de janeiro. Mas os próprios europeus discutem um "período de graça" de não aplicação do embargo nos contratos em curso.
Entretanto, novos exercícios navais iranianos estão previstos para fevereiro.

Brent sobe 6 dólares


O preço do barril de Brent, a variedade de referência na Europa, subiu 6 dólares entre o final do ano e hoje. De 107 dólares passou para 113, e está a oscilar em torno desse valor. Alguns analistas falam do risco de um choque petrolífero, se algum dos cenários de guerra se concretizar.
O preço do barril de petróleo tem sido sensível a estes rumores de eventual bloqueio ao estreito ou de operação relâmpago contra as instalações nucleares iranianas. O que pode ainda ser temperado com alguma guerra na Síria, se a NATO aí intervir como o fez na Líbia no ano passado.

Há vias alternativas em caso de bloqueio?


Os analistas apontam quatro. Duas delas revertem para o Mar Vermelho, uma para o Líbano, e outra para o Golfo de Omã.
. Reativar o oleoduto iraquiano-saudita (conhecido pelo acrónimo IPSA) que termina no porto de Yanbu, no Mar Vermelho acima de Jedá, e que pode transportar 1,65 milhões de barris por dia. Foi construído durante a guerra do Iraque com o Irão, precisamente para fugir ao transporte pelo Golfo Pérsico.
. Reativar a linha do Transarabian Pipeline (Tapline) da Arábia Saudita para o porto de Zahrani no Líbano que transporta 500 mil barris por dia.
. Outra via a usar pelo crude saudita pode ser a oleoduto Este-Oeste com mais de 1100 quilómetros entre Jubail no Golfo Pérsico e Yanbu no Mar Vermelho, o que favoreceria o estreito de Aden (pirataria somali por perto) e o canal do Suez (instabilidade no Egito), e que pode transportar 5 milhões de barris por dia.
. Os Emirados Árabes Unidos poderão acelerar a conclusão do projeto do oleoduto do Abu Dhabi que pode fazer correr crude equivalente a 2,5 milhões de barris por dia; o oleoduto com 375 quilómetros parte do sudoeste dos emirados para o porto de Fujairah, no Golfo do Omã, já a sul do estreito de Ormuz. O oleoduto está a ser construído por uma empresa chinesa e deverá estar operacional "em breve", segundo o ministro Mohammad Bin Dha'en Al Hameli afirmou em dezembro. Mas o Golfo de Omã é um espaço marítimo internacional onde os iranianos consideram poder atuar.

Curiosidade histórica


Ormuz era uma das joias do Médio Oriente cobiçadas por Afonso de Albuquerque e pelo rei em Lisboa, Manuel I. Albuquerque conquistaria a ilha em 1507, que acabou por ficar sob suserania portuguesa entre 1515 e 1622. Os árabes chamavam-lhe, na época de Quinhentos, "o anel de pedra do mundo". Era um dos ferrolhos geoestratégicos (chokepoints, na designação técnica) por onde todos os produtos do Oriente passavam. Fez parte das três "quinas" do império português em rede no Índico - Sofala (no atual Moçambique), Ormuz (no atual Irão) e Malaca (na atual Malásia).
Estatísticas

Números-chave do crude do Irão


. Exporta 2,6 milhões de barris por dia
. Produz 3,5 milhões de barris por dia
. 2º maior produtor da OPEP
. Principal cliente do crude iraniano: China (com 21% da exportação iraniana) que adquire mais de meio milhão de barris por dia
. Outros clientes importantes: União Europeia (17% da exportação iraniana), Japão e Coreia do Sul

Quanto "vale" o estreito de Ormuz?


. Mais de 1/3 do petróleo transportado por via marítima
. 20% do petróleo comercializado à escala mundial passa pelo estreito
. O seu peso como ponto de passagem diminuiu de 2008 para 2009 em mais de 7%
. 15,5 a 17 milhões de barris por dia passam pelo estreito de Ormuz
Fonte:

2 comentários:

  1. ola Daniel.. tudo bem? boa noite
    bem vou deixar algo que a principio nada a ver com o texto acima, mas é algo pra se refletir:
    "...O lógico seria que algo tão delicado e complexo como um mundo, fosse dirigido
    por cientistas e sábios, mas neste planeta não nos guiamos pelo Amor, e por isso não
    somos lógicos. Um leitor muito intelectual diria que o que acabo de dizer é
    incoerente, porque não tem nada a ver o amor com a lógica. Entretanto, aqui vai outra
    Luz atribuída por Ami: “ o Amor é a suprema lógica”, mas isso, só a sabedoria do
    coração pode compreende-lo, e como quem nos governa não o compreende, e menos
    ainda o aplicam, aqui sucede algo que de verdade é muito incoerente, isto sim que é
    ilógico: o destino da humanidade, nosso futuro e de toda a vida planetária está
    submetido as leis do mercado..."
    texto extraído no livro Ami, o menino das estrela 3"
    abraços!

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  2. Uma pena a maioria só enxerga as leis do mercado e do consumo mas não vê o q a por traz disso tudo. Para quem é ateu nao acredita mas para quem segue algum tipo de religiao ou doutrina enxerga o dedo do mal em meio disso tudo.
    Em minha conclusao de leitura no sites que costumo acessar primeiro ataque sera lançado entre o mes de fevereiro e maio deste ano (e olha que ja foi previsto invasao em 2008 e 2011)sendo sempre atrasado pela Russia e China só q agora estão no limite.

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